Não quero mencionar soluções nem dicas mágicas, mas gostaria de relacionar algumas questões para que o casal possa pensar um pouco e achar um caminho que suavize um pouco o desconforto dos filhos, que são inocentes e dependendo a idade, indefesos, diante dos conflitos de ordem conjugal numa separação:
- O casal deve lembrar que o que está sendo quebrado é o vínculo conjugal e não o vínculo de paternidade ou maternidade. Além do vínculo, dependendo da idade dos filhos temos funções e obrigações como pais. E a função ou a obrigação, com o crescimento dos filhos, vai diminuindo até terminar quando o filho se torna adulto. Porém, a filiação é eterna, impossível de ser quebrada. Pode até ser negada, mas quebrada nunca!
- Cada vez então que for necessário citar o cônjuge para o filho é importante lembrar que o que está sendo dito é a respeito do ex-marido ou ex-esposa e não do “seu pai ou sua mãe”.
- Crianças e adolescentes em geral sentem-se culpados e desvalorizados quando os pais se separam. Os pais podem amenizar a dor destes sentimentos se souberem respeitar os filhos e reafirmar o amor filial por eles.
- Adolescentes e jovens ficam indignados, e nem sempre sabe como expressar a indignação, quando são solicitados a fazer algo para beneficiar ou prejudicar um dos pais.
- Filhos não precisam estar presentes para qualquer tipo de acerto de conta dos cônjuges. As questões devem ser resolvidas e depois se for conveniente e necessário comunicada aos filhos.
- A comunicação entre o casal pode ser feita usando o avanço da tecnologia (e-mail, telefone, etc) ou o advogado. Fazer dos filhos “meninos de recado” agride muito mais o filho do que o cônjuge.
- É impossível eliminar a influencia e a herança que cada pai ou mãe passará para o filho. Também é impossível suprir a ausência de um pai ou mãe faltoso, tentando exercer as duas funções: paterna e materna. Quem tenta fazer isto em geral, não supre nem a sua função e nem a do outro e reforça mais a falta já sentida pelos filhos.
- Enfim, temos que criar nossos filhos da melhor maneira possível para que eles tenham mais recursos que nós, na difícil tarefa de viver bem!
Espero que, refletindo um pouco sobre estas questões os casais que optaram pela a separação, possam encontrar um caminho menos desconfortável, no processo de se ajustarem na convivência com os filhos.
Esther Gomes de Lima Carrenho
CRP 06/50729-9