Breve História de Alcoólicos Anônimos



Em 1934, o alcoólatra americano Bill W. arruinou sua promissora carreira em finanças por conta de suas bebedeiras constantes. Um antigo colega de bebedeiras, Ebby Thacher, que tornara-se membro de um movimento cristão chamado Grupos Oxford, que mais tarde se tornou o Movimento de Rearmamento Moral, apresentou-lhe a ideia de uma cura espiritual.


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Bill W. tratou-se no Hospital Charles B. Towns em New York sob os cuidados do Dr. Willian Silkworth, que desenvolveu o conceito da doença do alcoolismo. Enquanto hospitalizado, Bill W. experimentou o que ele acreditou ser uma experiencia espiritual e, convencido da existência de Deus, foi capaz de parar de beber.

Em uma viagem de negócios a Akron, Ohio, em 1935, Bill W. sentindo o impulso de beber novamente e em um esforço para manter-se sóbrio, procurou um outro alcoólatra para ajuda. Bill W. foi apresentado ao Dr. Bob S., também um membro dos Grupos Oxford. Depois de algum trabalho juntos, Bill W. e Bob S. fundaram Alcoólicos Anônimos (ainda não era chamado assim) com um programa transmitido oralmente para ajudar outros alcoólatras. O último drink de Bob S. em 10 de Junho de 1935 é considerado pelos membros de Alcoólicos Anônimos como a data de fundação de AA. Cerca de 1937, Bill W. e Bob S. tinham ajudado 40 alcoólatras a tornarem-se sobrios, e dois anos depois, o grupo cresceu para cerca de 100 membros. Esse primeiro grupo considerou chamar sua irmandade de recuperação do alcoolisco de “O Clube de Tiago”.

A razão disso é que os primeiros membros de AA procuravam orientação e direção e as instruções de Deus no livro de Tiago encontrado no Novo Testamento da Bíblia. Quase todos os passos são encontrados naquele livro, junto com outras instruções e informações que os primeiros AA’s descobriram ser de valor para facilitar as profundas mudanças em suas personalidades. Foi o estudo das Escrituras Sagradas que libertaram os primeiros participantes do programa. Focaram seus estudos no livro de Tiago, 1.a Coríntios, nas Bem Aventuranças e no Sermão da Montanha. Foi a Palavra de Deus que libertou aquelas pessoas.

Foi somente depois que Bill W. lançou o livro “Alcoólicos Anônimos”que o grupo adotou esse nome para o movimento. . O livro, informalmente chamado de “O Grande Livro” pelos membros da irmandade, descrevia um programa de 12 passos envolvendo a admissão da impotencia perante o alcool, aceitação de um poder superior benevolente, um inventário moral, completa e direta restituição àqueles prejudicados, e pedir direção, orientacão e forças a Deus. Essencial a esse processo era a idéia de um poder superior “conforme cada um o entendia”. Em 1941, as vendas do livro e a membrezia cresceram depois de entrevistas em rádios e artigos favoráveis em revistas americanas, paraticularmente por Jack Alexander em The Saturday Evening Post.

Em 1946, por conta do crescimento de AA, confusão e disputas internas sobre práticas, finanças e publicidade levaram Bill W. a escrever as regras para uma administração não coercitiva dos grupos, chamadas Doze Pontos para Garantir nosso Futuro, que finalmente tornaram-se conhecidas como as Doze Tradições. AA alcança sua maturidade na convenção de St. Louis, no Missouri, quando Bill W. passou a administração de AA para a Conferencia de Serviços Gerais. AA iniciou, então sua expansão internacional, atingindo mais de 2.000.000 de pessoas e 116.000 grupos, (segundo levantamento de 2001).

Apesar desse sucesso, a verdade é que hoje AA é apenas uma sombra do que era no início. Bill W. e Bob encontraram o livramento na Bíblia e em algum momento de sua história, AA começou a diluir o programa e exigir que se removesse qualquer referencia à razão do seu sucesso: a Bíblia. Não é sem razão que o Programa, ainda efetivo em ajudar um alcoólatra a parar de beber, não consegue mudar o caráter desse alcoólatra. O Poder Superior que transformou Bill W. e Bob e os primeiros alcoólatras era o Poder de Jesus Cristo.

Temos acompanhado o trabalho de AA no Brasil e reconhecemos que seu impacto na vida do alcoólatra que deseja parar de beber é grande. Notamos porém, dois aspectos que nos causa estranheza. O primeiro é que o conceito de Poder Superior, ou P.S. perdeu muito de seu impacto. Uma vez que o programa fala em “Deus, conforme cada um o concebe”, posso ter qualquer coisa como Deus: a cadeira, uma ficha, uma concepção qualquer.

O outro é que existe uma idéia de que o sucesso do Programa depende apenas do alcoólatra. Ora, se já no Primeiro Passo há a admissão da impotência perante o álcool, como o alcoólatra conseguirá superar sua compulsão a beber?
No entanto, se observarmos com atenção a Segunda Tradição perceberemos um conceito mais claro desse Poder Superior. Eis a Segunda Tradição:

“Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum - um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar.”

Essa tradição define Deus como amantíssimo e que se manifesta na consciencia coletiva do Grupo. Se Deus ama de modo superlativo e se manifesta, não pode ser outra coisa senão uma pessoa, e como tal relaciona-se conosco e se revela através da consciencia coletiva do grupo.

Se nos ama assim, ensina-nos por meio do sofrimento e usa a aflição para abrir os nossos olhos. Toma a iniciativa tanto de relacionar-se como revelar-se a nós. Descobrimos então que o Programa dos Doze Passos não é primordialmente para fazer o alcoólatra parar de beber, mas para conduzi-lo a uma amizade amorosa com Deus, cujo resultado e a capacitação para abster-se do álcool, condição básica e essencial para chegar à sobriedade. “é Deus quem efetua em vocês tanto o querer como o realizar, de acordo com a boa vontade dele”(Filipenses 2:13)

Em Celebrando a Recuperação temos o privilégio de participar de dois movimentos extraordinários. O primeiro é a percepção de alguns alcoólatras em recuperaçao que, comecando a jornada em uma sala de AA, perceberam que havia algo além a ser experimentado. O segundo movimento são os que comecam sua jornada de recuperação em um grupo de Celebrando a Recuperação. E o mais extraordinário é que, se AA saiu do meio evangélico para o mundo, agora retorna às suas origens através do estudo dos Doze Passos e a Bíblia, da adoção da extraordinária experiencia de AA acumulada desde sua fundaçao e dos recursos modernos da ciência médica e de saúde mental à nossa disposição.


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