Viver com segurança é perigoso. O irmão ficou em casa, pensando que era dessa forma que estaria seguro. Mas em que se tornou?
Leia Mais...
Alguém desconhecido, amorfo, dependente das benesses do pai. Como poderia se tornar pessoa se decidiu pela segurança da casa do pai a arriscar-se no teste da vida, descobrindo do que seria capaz? Não provando sua competência, acabou vendo-se incompetente: “fiquei aqui e nem um churrasco consegui de meu pai. Aquele que foi embora, que se arriscou, que teve a coragem de transgredir, recebe tudo de volta”.
O que temos a aprender disso? Há dois tipos de pessoas: aquelas que entendem que Deus tem algo para si, afirmam uma percepção do chamado de Deus e, convictamente, partem de sua terra e de sua parentela para um lugar distante e desconhecido: Moisés, Abraão, Davi, vários profetas, cada um dos apóstolos, e os milhares de heróis históricos que viveram a História da Igreja até nossos dias, incógnitos mas conhecidos por Deus.
Outros que decidem viver uma vida segundo suas próprias escolhas, corajosamente transgredindo expectativas sociais e até eclesiásticas, filhos pródigos que rompem com valores estabelecidos como verdadeiros. Arriscam a viver inseguramente, e mesmo que sofram as conseqüências – às vezes duras – de suas escolhas, chegam a um ponto em que se descobrem amadurecidos e experimentados que de outra maneira não estariam. O filho pródigo, ao chegar ao fundo do poço, decide voltar para casa e descobre um novo sentido, completamente inesperado em sua experiência: sua escolha, podendo ser considerada um pecado porque não resultou naquilo que ele desejava, termina na experiência da graça, no acolhimento e aceitação de suas escolhas, o que o torna capaz e eficiente para a convivência com seu pai: roupa limpa, sandálias nos pés, anel no dedo. Agora tem o compromisso pessoal de honrar-se como pessoa, honrar seu pai por sua sabedoria e gozar da liberdade de ter-se descoberto como pessoa íntegra. Ele descobre que a verdadeira liberdade é não sentir mais vergonha de si mesmo.
Correu o risco de viver na insegurança fazendo suas próprias escolhas. Descobriu que amava mais o desejo do que o objeto do desejo. Amava mais o desejo da liberdade que a própria liberdade. Esta experiência é absolutamente necessária para o homem, pois é ela que demonstra com toda clareza que o amor ao desejo não é satisfatório porque não se torna em realizações que o tornam competente para lidar com sua própria vida. Pelo contrário, tende a conduzi-lo a situações de grande angustia, porque ele se vê impotente perante as conseqüências de suas próprias escolhas. Vê-se dentro de um poço sem nenhum recurso eficaz para sair dali.
Qual é a saída?