Exercício de Recolhimento - Instruções práticas
A oração contemplativa pertence à história sagrada primitiva, tendo sido incorporada pelo Cristianismo e nada tem a ver com algumas especulações modernas que pretendem ter a verdade (p.ex.: Meditação Transcendental, Nova Era). Se atentarmos cuidadosamente para a narração bíblica, observaremos que desde o Antigo Testamento o silêncio contemplativo era constantemente praticado pelos homens e mulheres que tinham um contacto pessoal com Deus.
O objetivo destas instruções não é o de substituir todas as outras formas de oração e nem têm a pretensão de ser a última palavra em oração contemplativa. Apenas procuram colocar certa ordem e regularidade ao exercício da oração contemplativa. Ao mesmo tempo, ajudam a colocar todas as outras formas de oração em uma nova perspectiva. Além disso, procuram ajudar a reduzir os obstáculos comuns ao exercício da contemplação e preparar nossas faculdades humanas para a prática do recolhimento.
O recolhimento é o centramento de nossa atenção na presença de Deus em nosso espírito, desenvolvendo tanto a consciência clara da vida espiritual como o crescimento do homem interior, criando as condições para que se produza frutos positivos em nossas vidas. Em outras formas de oração, a atenção é voltada para fora, para formas intelectuais e formais de oração, na busca da manifestação de Deus em outras pessoas ou circunstâncias e utilizando recursos que, ainda que válidos para esse tipo de oração, no promovem o recolhimento necessário à oração contemplativa.
O objetivo principal destas instruções é desligar o fluxo normal dos pensamentos, alterando assim nosso modo habitual de pensar em nós mesmos e de olhar o mundo, e instalar um estado de recolhimento e silêncio interior.
As sugestões
1. Escolha um local onde sabe que poderá permanecer sem quaisquer interrupções exteriores. Escolha também, antecipadamente, um texto bíblico sobre o qual deseje meditar. No entanto, não utilize o texto neste momento.
2. Sente-se confortavelmente, de preferência em uma cadeira de espaldar reto e com os dois pés apoiados totalmente no chão. Feche seus olhos. Metade do mundo desaparecerá porque, geralmente, pensamos naquilo que vemos.
3. A fim de reduzir o fluxo usual de pensamentos, inicie o exercício de recolhimento, seguindo estes passos:
A) Inspire e expire o mais lenta e longamente possível. Ao fim do movimento de expiração conte 1 de forma suave. Volte a inspirar e expirar. Ao fim do segundo movimento, conte 2 e assim sucessivamente até 15.
B) A cada 3-5 movimentos respiratórios completos, introduza a palavra sagrada em sua imaginação tão gentilmente como se você estivesse colocando uma pena em um pedaço de algodão. A palavra sagrada é uma palavra ou frase que você utilizará para centrar sua atenção em seu interior. Aqui estão algumas sugestões:
· Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim.
· Senhor Jesus, venha em meu auxílio.
· Habite em meu amor.
· Eu pertenço a ti, ó Senhor.
· Espírito de Cristo, santifica-me.
· Tome, Senhor, e receba tudo o que tenho.
· Abençoe, Senhor, minha alma.
· Abra meu coração para teu amor.
· Senhor, eu dou-me a ti.
· Meu Senhor e meu Deus.
· Senhor, aumente minha fé.
· Não minha vontade, mas a tua seja feita.
· Venha teu reino, tua vontade seja feita.
· Jesus, minha luz e meu amor.
· Possa meu ser louvá-lo, Senhor.
· Jesus, minha luz e meu amor.
· Nossa ajuda é no nome do Senhor.
· Santo Espírito, ore em mim.
· Senhor, faça tudo o que desejardes.
· Fala, Senhor, teu servo ouve.
· Deus de minha angústia (ou qualquer outro sentimento que o perturbe).
C) Mantenha a palavra sagrada na forma em que a escolheu em sua mente, mas não a repita continuamente. Volte a ela apenas quando perceber que algum outro pensamento está levando-o para longe e tirando-o do seu recolhimento. A efetividade dessa oração não depende de quão distintamente ou quão freqüentemente você diz a palavra sagrada, mas da gentileza com que você a introduz em sua imaginação no começo e na rapidez com que você retorna a ela quando for levado para longe por qualquer outro pensamento.
D) Pensamentos são uma parte inevitável no processo do recolhimento. Nosso cérebro não aceita o vácuo. Imagens, memórias, sentimentos, impressões são tipos de pensamentos que surgirão e não será de nenhum proveito tentar evitá-los. Forçá-los para fora de nossas mentes é outro pensamento. Querendo agir assim, você não conseguirá livrar-se deles. Deixe-os vir e deixe-os ir. Apenas não preste atenção a eles.
E) O recolhimento é um método para dirigir nossa atenção do particular para o geral, do concreto para a falta de forma, para que onde esteja o vazio e a falta de forma seja criado o que o Senhor desejar criar.
F) A palavra sagrada é um pensamento simples que se pensa a um nível mais profundo de percepção. A palavra em seus lábios é exterior e não faz parte do recolhimento. O pensamento em sua imaginação é interior: a palavra sagrada é a manifestação de seu mais profundo desejo. Somente quando passarmos para além da palavra para a consciência pura é que o processo de recolhimento está completo.
4. Quando perceber que seu espírito já se aquietou o suficiente, ou seja, quando o fluxo de pensamentos já deixou de chamar tanto sua atenção, gentilmente tome sua Bíblia e leia vagarosamente o texto escolhido. Apenas leia, sem preocupações outras que a leitura. Você notará que um texto chamará sua atenção de forma distinta dos outros textos. Pare, repita a leitura desse texto por três vezes, pausadamente, sem pressa. Deixe sua Bíblia de lado, volte ao silêncio, e deixe que o texto permaneça como que “pairando” dentro de você.
5. Esse período deve ser de mais ou menos 20 minutos. Se você dispuser de um relógio que possua um “timer” (o que conta o tempo regressivamente), calibre-o para esses 20 minutos e esqueça o relógio.
6. Após esse período de 20 minutos faça anotações sobre a experiência, o que aconteceu, o que você percebeu. Aí é o momento de registrar suas impressões e descobertas pessoais. Este passará a ser seu livro de meditações.
Os cinco tipos de pensamentos mais comuns
Há cinco tipos de pensamentos que mais comumente surgem durante o período de recolhimento. A resposta apropriada a cada um deles determinará se conseguiremos aquietar nossas mentes ou não.
1.° – O “catar algodão” da imaginação.
São pensamentos superficiais que a imaginação produz continuamente por causa de sua propensão natural de movimento perpétuo. Apenas aceite-os e não preste nenhuma atenção indevida a eles. Imagine duas pessoas conversando em uma sala. O barulho da rua que entra através da janela não desvia a atenção de sua conversa porque ambos prestam atenção um no outro. Algumas vezes estão tão envolvidos nesse diálogo que nem notam mais o barulho. Em algumas ocasiões as buzinas poderão distraí-los, mas apenas momentaneamente e imediatamente retornam à conversa.
2.° – Pensamentos com uma atração emocional associada.
É como se alguma coisa diferente estivesse acontecendo na rua. Como um frear repentino e uma gritaria a seguir. Esse é o tipo de pensamento que solicita um reação, pois está carregado de emoção. Quando tal acontecer, retorne gentilmente à palavra sagrada. Não fique aborrecido consigo mesmo, cobrando-se pela distração, pois isso, por sua vez, é um pensamento também carregado emocionalmente e provocará o resultado contrário, afastando-o mais ainda do recolhimento e do silêncio interior.
3.° - Percepções racionais e avanços psicológicos.
Costumam aparecer quando conseguimos um profundo nível de paz e silêncio interior. Algo surge diante de nós como uma brilhante percepção teológica e uma maravilhosa percepção psicológica a respeito de nós mesmos. Nossa reação natural é querer gastar um momento para ter certeza de que nos lembraremos dessas percepções fantásticas. Se cedermos a esse apelo, sairemos rapidamente do recolhimento. O que for realmente importante, porém, não será esquecido, e posteriormente poderemos anotar o que percebemos. Neste momento, não cedamos a esse impulso.
A oração contemplativa, para ter seus efeitos adequados, precisa de uma autonegação bastante íntima, uma negação daquilo a que nós estamos mais presos: os nossos pensamentos e sentimentos mais íntimos e a fonte de onde eles surgem, ou seja, a programação emocional que desenvolvemos e nossas concepções inadequadas a respeito da realidade.
4.° – Auto-reflexão.
Durante o processo de entrarmos em silêncio através do recolhimento, pode aparecer o desejo de refletir no que está acontecendo, qualquer coisa como: “finalmente, estou chegando em algum lugar”; ou “este sentimento é maravilhoso!”; ou ainda “se puder fazer uma nota mental de como cheguei até aqui, poderei voltar mais tarde e fazer o que quiser”. Esses são exemplos daquele tipo de pensamento. Novamente é oferecida uma escolha a você: se refletir no que está acontecendo, sairá do recolhimento. Se abrir mão da reflexão, entrará em um silêncio interior mais profundo. Saindo do recolhimento, terá que recomeçar tudo de novo. É até possível que no início haja uma grande quantidade de reinícios.
A reflexão é um passo atrás nesta experiência, pois assim que começar a refletir nela, ela desaparecerá. A reflexão no silêncio é uma tentativa de tomar posse dele, e é uma contradição, pois o silêncio exclui a reflexão. Não somos nós que devemos tomar posse do silêncio, mas o silêncio é que deve tomar posse de nós. Se tentarmos a reflexão, o silêncio estará perdido.
A tendência em refletir é uma das maiores dificuldades com a oração contemplativa. Queremos saborear o momento de pura alegria e experiência. Queremos refletir nos momentos de paz profunda a fim de tirar todo o proveito que possamos ter. Não há nada de errado em si com esse desejo. No entanto, ainda não teremos chegado à experiência plena de contemplação . Se abrirmos mão desse desejo, passaremos a um nível novo de liberdade, até aqui desconhecido para nós.
A presença de Deus é como o ar que respiramos. Podemos utilizá-lo e por ele viver. No entanto, não podemos segurá-lo nem tomar posse dele. A oração contemplativa promove profunda comunhão com o Espírito de Deus. Nosso desejo possessivo quer agarrar-se firmemente àquilo que é prazeroso. E nada é mais prazeroso que a Presença divina, pois ela traz um profundo sentimento de segurança e tranqüilidade. No entanto, a presença de Deus não responde à ganância. Ela está totalmente disponível, mas com a condição de que a aceitemos livremente e não tentemos tomar posse dela.
Praticar a oração contemplativa é aprender a auto-rendição. Só conseguiremos ser plenos do Espírito de Deus à medida que aprendermos a não ser possessivos quanto à sua presença em nós. É Ele quem decide quando vir e quando ir e nada do que fizermos mudará isso. Insistir é perder. Se, nesta oração você puder superar o hábito de refletir no que está acontecendo, terá paz sem pensar nela. Então você terá aprendido como retê-la.
5.°) Transformação Interior.
O efeito transformador do silêncio é resultante de qualquer forma de meditação que transcenda o pensamento. O silêncio permite superar um dos mecanismos de defesa psicológicos mais resistentes, que é a racionalização. Pensar não dói, sentir dói. Para não sofrermos, tendemos a tratar das emoções de forma racional. O silêncio capacita o organismo a liberar tensões profundamente enraizadas em forma de estruturas de pensamentos. Quando praticamos a oração contemplativa, as emoções têm liberdade de aflorar. Geralmente apresentam-se como pensamentos com uma certa força ou carga emocional. Suas manifestações poderão ser medo, raiva, tristeza, depressão de variadas intensidades, sem qualquer relação com o passado recente. Mais uma vez, a maneira de liberar-nos desses pensamentos é retornar à palavra sagrada e repeti-la suavemente, reconduzindo nossa atenção para o interior, onde esses movimentos psicológicos profundos estão ocorrendo. É ali que a graça de Deus deve ser aplicada, para que a transformação ocorra.
Através desse processo, o material psicológico indigesto de toda uma vida é gradualmente evacuado, o investimento emocional da primeira infância em programas de felicidade baseados nos impulsos instintuais é desmontado, e nosso ego distorcido é transformado.
Assim que aceitamos os pensamentos não apenas como parte inevitável mas também como uma parte integral do processo de cura e crescimento iniciado por Deus, teremos uma visão positiva deles. Eles são como que bóias que trazem à superfície os detritos jogados para dentro de nosso inconsciente pelos nossos mecanismos de defesa. Os detritos são os conteúdos danificados que impedem nosso desenvolvimento pessoal. Em vez de olhar para os pensamentos como distrações penosas, podemos integrá-los a uma perspectiva mais ampla, que inclui tanto o silêncio interior como os próprios pensamentos, talvez indesejados em um certo momento, mas que são tão valiosos para a purificação como os momentos de profunda tranqüilidade.
O descanso em Deus
À medida que nos aquietamos e vamos aprendendo mais com o silêncio interior descobriremos que haverá um momento em que também a palavra sagrada desaparece e não há mais pensamentos. Repetir a palavra sagrada será uma perturbação e sentiremos que ela, então, é desnecessária. Quando voltarmos à consciência, perceberemos, surpresos, que estivemos em algum lugar, e que nossa consciência objetiva desligara-se e o tempo passou como que em um estalar de dedos. Teremos descoberto o lugar de descanso em Deus.
A experiência do silêncio interior é o mesmo que descansar em Deus. Ela está para além dos pensamentos, imagens e emoções. Estar nessa dimensão profunda desperta a consciência de que somos amados profundamente por Deus, que nos garante a eternidade divina. Este é o descanso que toda alma humana busca ansiosamente. E ele só é alcançado pela simples aceitação em silêncio, pois qualquer esforço para obtê-lo é um pensamento e se isso ocorrer, perdemos o silêncio e o descanso.
Conclusão
O fundamental que se deve ter em mente ao praticar a oração contemplativa é o seguinte: não resista ao pensamento, não se prenda a qualquer pensamento, não reaja emocionalmente a qualquer pensamento. Seja qual for a imagem, sentimento, reflexão ou experiência que atraia sua atenção, retorne à palavra sagrada.
A única forma de avaliar se a experiência tem tido bom sucesso é a longo prazo, e não pela quantidade de sentimentos agradáveis que tenhamos experimentado. Se ao longo dos dias percebermos que estamos em paz, humildade e em amor para com todos, então podemos aceitar que os resultados tem sido positivos. A mais garantida prova do efeito da oração contemplativa está no aumento da sensibilidade para com as outras pessoas que entram em contacto conosco, para além dos aspectos superficiais de status social, raça, nacionalidade, religião e características pessoais. A percepção de que no outro, seja ele quem for, está presente a imagem de Deus torna-se aguda. Isto acrescentará uma dimensão totalmente nova tanto nos relacionamentos interpessoais como no relacionamento com Deus. A conseqüência prática é que toda a nossa realidade ganhará vida nova, mesmo as tarefas mais rotineiras e aborrecidas de nosso dia a dia. Teremos uma consciência da presença de Deus através e além de todas as coisas.
Na oração contemplativa nós nos deparamos com a mais fundamental das questões humanas: “Quem és tu, Senhor?” e em silêncio, esperamos pela resposta que o Senhor nos dará.
Mantendo um Diário Pessoal
Uma das primeiras instruções que Deus deu a Moisés depois do Êxodo foi “escreva essas coisas em um livro” . A recordação dos poderosos atos de Deus era um elemento essencial para sustentar a visão que o povo tinha de Deus. O a respeito de nossas “histórias sagradas”? Um diário pessoal é uma ferramenta valiosa para a preservação das obras de Deus e das aplicações de sua verdade em nossas vidas.
A vibração das descobertas é um presente de Deus para nós. Porque perdermos as iluminadas respostas de Deus às nossas orações, como se fossem escritas nas areias da praia? Guarde-as no papel, e não na memória. Podemos registrar nossos pedidos e suas respostas, nossos problemas e dores, nossas esperanças e planos para o futuro. Cada um de nós poderá experimentar a alegria de descobrir sua própria maneira de registrar suas descobertas.
Benefícios Pessoais
Um diário nos dá percepções a propósito de nosso próprio crescimento. Nossa confiança com líderes cristãos vem do conhecimento de onde temos estado e de como Deus está nos dirigindo. Em sua obra “Confissões” Sto. Agostinho escreveu, “Eu quero me lembrar de minhas impurezas passadas e das corrupções carnais de minha alma, não porque eu as ame, mas para que eu possa amá-lo, meu Deus… que o amargor seja substituído pela Tua doçura.” Assim que refletirmos sobre nossa peregrinação espiritual, nós ganhamos compreensão da dinâmica da vida espiritual: os obstáculos, as crises previsíveis, as dúvidas, e os meios da graça para superá-los a todos. A preservação dessas percepções e a memória da fidelidade de Deus promove uma atitude de louvor e gratidão.
Um diário ajuda-nos a clarificar nossas prioridades. A vida sempre parece estar pelo menos um ou dois passos à nossa frente. É fácil perder o controle. Nosso diário permite que abramos o cadeado da armadilha do tempo. Nossas reflexões nos capacitam a separar o que é importante. Os compromissos que nos assolam e nos sobrecarregam perdem um pouco de sua urgência à luz de nossos valores e alvos mais básicos. Por outro lado, uma percepção clara das questões importantes despertam uma nova resolução para prosseguirmos adiante.
Um diário também ajuda a resolver problemas. Conflitos e desapontamentos fazem parte da liderança. O líder é freqüentemente colocado em posições solitárias, sem ter a ninguém a quem procurar para orientação. Escrever cristaliza as questões. Assim que a poeira assenta e os detalhes específicos se tornam mais claros, a oração e a reflexão cuidadosa freqüentemente abrem um caminho à reconciliação e progresso.
Benefícios ao Ministério
Um diário estimula confiabilidade. Um dos espinhos mais doloridos da liderança cristã é a discrepância entre o que nós falamos e como nós andamos. À medida que nos disciplinamos àquilo a que os Puritanos se referiram como “a auto-vigilância do diário”, nós constantemente restabelecemos nosso curso para andar segundo o modo de Cristo.
Um diário nos conduz à autenticidade, a habilidade e o desejo de permitir que outros entrem no lar de nossos corações. Isso significa que colocamos de lado o privilégio do pedestal pelo prêmio de sermos realmente conhecidos. Honestidade em um diário gera a coragem de estar abertos e vulneráveis nos relacionamentos. Pessoas podem ouvir e responder melhor às pessoas que são companheiros de viagem. Respeito e um ouvido pronto são dados àquele que compreende a partir de sua própria experiência os sinais e as pedras soltas da trilha.
Um diário sensibiliza-nos para as dores dos outros; ele desenvolve empatia. Certa vez uma mãe perguntou a seu filho de dez anos: “o que é empatia?”. O pequeno garoto respondeu: “Empatia é a sua dor em meu coração”. As lutas humanas são democráticas. A dor, a dúvida, a frustração e a ansiedade que sentimos não comuns a todos. Essa percepção nos capacita a providenciar apoio genuíno enquanto aconselhamos e conduzimos outros à plenitude em Cristo.
Uma fonte fresca e vital de ministério brota da criatividade, outro benefício da manutenção de um diário. Jesus era criativo em sua pregação, ensino e cura. A verdade passava através do prisma de sua vida e explodia em um espectro de aplicações. À medida que aprendemos a confiar em nossas percepções, um poder criativo cria momento; idéias começam a empurrar-se a si mesmas para dentro de nossa consciência. Freqüentemente, as sementes de um sermão ou de uma ação particular são plantadas quando nós cavamos o chão com um diário.
Escreva-o
Quando tivermos uma resposta de oração, uma experiência eletrizante em comunhão, uma percepção das Escrituras, escrevamos isso. Teremos uma nova apreciação a propósito da atividade de Deus em nossas vidas.
Um diário é também uma ferramenta no aconselhamento. Quando as pessoas não tiverem clareza quanto à vontade de Deus, ou em dificuldades com um problema em particular, uma excelente sugestão é que, em atitude de oração falem disso a Deus escrevendo em seu diário. Isso permite que percebam como a mão de Deus está atuando, aparando as arestas e polindo o nosso caráter.
Sugestões para a manutenção de um diário
Não há uma forma certa ou errada de se escrever um diário. O princípio básico é: ele me ajuda a compreender melhor ao Senhor, a mim mesmo e aos outros? Aqui estão sete sugestões que o ajudarão a desenvolver seu próprio estilo:
1. Escreva sempre depois do período de contemplação e perceba como o Espírito Santo o conduz a escrever. O Senhor terá pesquisado nosso coração e nos dirigirá para as questões que realmente são importantes.
2. Trabalhe com sentimentos e percepções. O diário não deve ser uma crônica de datas e eventos. A coisa importante é como você se sente, e o que percebeu em um momento particular.
3. Confie em suas próprias percepções. Se elas estiverem erradas, isso se tornará aparente no processo de escrever. Um senso próprio de independência e autoridade pessoal é saudável. Afinal de contas, além do Espírito Santo, que é a melhor autoridade a respeito de nós que nós mesmos?
4. Escreva qualquer coisa. Sinta-se completamente livre em seu diário. Escreva-o apenas para seus olhos, não para impressionar alguém que possa algum dia lê-lo. Ele é privado; ninguém está olhando por sobre seus ombros. Você está livre para ir com Deus andar pelo gramado de sua alma: arrastar-se, saltar, correr, rolar.
5. Seja honesto. Não engane a si mesmo com uma conversa piedosa. Se você se sentir horrível, diga-o. Nós somos livres para sermos honestos porque tem sido dito: “Aquele que me conhece melhor, ama-me mais”. Em honestidade, nós veremos tanto o lado escuro como o lado claro de nossas almas. O ponto é aceitar ambos e levar Deus conosco enquanto os exploramos.
6. Há uma tendência natural de andar em círculos espirais. Perceberemos que falaremos da mesma coisa vez após vez. O centro da espiral, a questão, pode ser a mesma, mas nossa compreensão dela estará continuamente se aprofundando, e progredindo como as bordas cada vez mais amplas da espiral.
7. Discipline-se a escrever positivamente. O alvo do diário é gerar a energia de ser um vencedor. Afirme o fatos, registre seus sentimentos negativos honestamente, mas então procure a promessa.
8. Finalmente, apesar de estarmos falando em um diário, não se martirize se não escrever diariamente. Evidentemente, o maior proveito virá de um exercício diário. No entanto, escreva sempre que tiver contemplado, sem cobranças, considerando o termo diário como o registro de suas impressões pessoais a cada vez que esteve na presença de Deus.
Baixe este artigo