“Seja razoável. Faça do meu jeito”
Ri quando li a frase na traseira do carro à minha frente. Claro, se todo mundo fizesse as coisas do meu jeito, não haveria desacordos. Mas isso não corresponderia à realidade. De fato, em todo agrupamento humano, de duas a dezenas de pessoas, haverá desacordos sempre. Talvez sejamos tentados a ver o desacordo como indesejável. No entanto, conduzido apropriadamente, eles freqüentemente podem conduzir a ganhos produtivos e soluções inesperadas.
Aqui estão algumas “dicas” para tirarmos proveito dos desacordos:
1. Tenha certeza de que há um desacordo.
Você já observou um “acordo violento”? pode ser divertido, desde que você não esteja envolvido. Por exemplo:
A diz: “o boletim só ficará pronto daqui a dois dias”.
B: diz: “Besteira ridícula. Não o receberemos até quinta”
Não há desacordo aqui. A está pensando em dias; B, em intervalo de dias. B pode não estar ouvindo. Nesse caso , A poderia dizer: “espere um momento, estamos dizendo a mesma coisa. Quinta feira é daqui a dois dias”
Outra forma:
A diz: “Pelé jogou pelo Santos”
B diz: “Bobagem; ele jogou pelo Cosmos.
Todos sabemos que Pelé jogou pelos dois times. Portanto, também não há um desacordo aqui. Jogar pelo Santos não exclui o fato de Pelé ter jogado pelo Cosmos, pois Pelé fez as duas coisas.
Questões que parecem um conflito podem não ser , quando olhadas mais de perto. Ouça cuidadosamente à outra pessoa e tenha clareza se realmente há uma diferença.
2. Separe-se de sua posição
Algumas vezes nossos projetos precisam ser revisados e criticados, por conta do que está envolvido com eles. O processo de revisão prosseguirá mais suave se nos separarmos do projeto e não tomarmos as revisões e erros descobertos como um ataque pessoal.
Se adotarmos essa atitude, evitaremos desacordos. Se nos envolvermos pessoalmente com nossas posições, teremos dificuldades em sermos objetivos sobre elas.
3. Mantenha a serenidade
Já conhecemos o ditado que diz: “desacordo sem desagrado”. Tratar pessoas com respeito – mesmo aqueles de quem discordamos – fará com que sejamos respeitados e nos garante maior credibilidade. Manter a serenidade em situações de grande tensão emocional nos oferece a oportunidade de gerenciar a crise, e encontrar a saída.
4. Ouça
Muitos desacordos podem ser evitados apenas por ouvir atentamente o que nos pedem ou instruem. Ouça as pessoas completamente, antes de responder-lhes. Se tiver que interromper alguém porque fala sem parar faça um resumo do que entendeu até ali. Pessoas se expressam de formas diferentes do esperado. Se falharmos em ouvi-las, poderemos ter que responder não à posição atual da outra pessoa, mas apenas para a posição que você imagina ser a daquela pessoa.
5. Reconheça e evite argumentos vazios
Este ponto deriva do anterior. É fácil argumentar contra uma posição que ninguém tem. Atacar a posição que na realidade não é a da pessoa é o que chamamos de argumento vazio, porque é facilmente derrubado.
Se não ouvirmos o outro cuidadosamente, perderemos tempo e recursos preciosos reagindo a uma posição que não é de ninguém, deixando-nos em uma condição de difícil sustentação.
6. Concorde em discordar
Algumas vezes somos incapazes de concordar com um ponto em particular, por mais que discutamos tal ponto. Em alguns casos essa discordância pode evitar que a discussão continue. Em outros, podemos mudar para outros assuntos. Se for assim, podemos “concordar em discordar” sobre o ponto do desacordo e mover-nos para outras áreas. Talvez mais tarde você poderá retornar à questão e tentar um acordo. Importante é fazer progresso apesar da discordância sobre um único aspecto.
7. Vigie o que você fala
Uma vez falada, uma palavra nunca pode ser tomada de volta. Como uma pedra atirada em uma lagoa, aquela palavra cria ondulações que somente se movem para fora. Como diz a Bíblia: “a palavra dura suscita a ira”.
Aprendemos de pequenos que “em boca fechada não entra mosca”; o conselho vale até agora. Tome cuidado com o uso das palavras “você” ou “seu; sua” , pois isso confunde a pessoa com o comportamento e pode fazer com que a outra pessoa torne-se defensiva ou acusada. É melhor: “eu me sinto ofendido (a) pela sua atitude”que “você me ofendeu”.
Tendo ou desacordo ou preocupação, considere expressar isso através de uma pergunta antes de uma afirmação. A posição da outra pessoa conduz a um problema? Pergunte a respeito de modo que respondendo à sua pergunta a outra pessoa pode perceber o problema. Apenas não use essa idéia demais ou parecerá falsa e não sincera.
8. Fale em voz baixa
Assim como “a palavra dura suscita a ira”, A “palavra branda desvia o furor”. Se você baixar a voz quando falar, você alcança três coisas. Primeiro, você reduz a tensão que possa existir. Segundo, você força a outra pessoa a ouvi-lo. Terceiro, por causa de sua natureza inesperada, baixando a voz você poderá ter uma vantagem psicológica na discussão.
9. Tente ver o ponto de vista da outra pessoa.
Quanto mais você compreender a posição e preocupações da outra pessoa, tanto mais estará mais perto de resolver o desacordo. Antes de responder com sua própria posição, considere parafrasear a posição e preocupações da outra pessoa primeiro. Fazendo isso você transmite uma poderosa mensagem: em vez de estar em competição , estará em cooperação . Além disso e bem mais importante, enfatize primeiro aqueles aspectos nos quais você e a outra pessoa estão de acordo.
10. Desacordo resolvido, deixe-o para trás.
Uma vez que a questão seja resolvida, não mantenha um registro dos erros. Abra mão. Prender-se ao passado raramente conduz a resultados produtivos e pode gerar amargura e maus sentimentos. Olhar para o passado só serve para aprendermos com o que aconteceu, de modo a evitar erros semelhantes (se houver) no futuro.
Calvin Sun, consultor de empresas na área de serviço ao consumidor, comunicações e liderança. 14/4/2008 TechRepublich.